Wednesday 30 July 2008

Você perdoaria?


Como você responderia se ouvisse a frase do título? Você perdoaria? Não falo aqui daquele pedido de perdão apenas verbalizado por palavras sem sentimentos, me refiro ao verdadeiro perdão, aquele em que a pessoa refletiu, analisou e teve a humildade para reconhecer que errou. Humildade! Um jeito de ser que faz toda a diferença. Faz com que cada pessoa se torne especial, importante, mas que muitos esquecem de seu real valor.
Quando somos machucados em nosso íntimo, em nossa alma, em nossos sentimentos, tendemos a manter a raiva dentro de nós e isso só faz crescer a mágoa e afastar as pessoas. Podemos e devemos entender que pode parar de doer se formos capazes de perdoar. É difícil para você perdoar? Quem se sente incapaz de perdoar acaba focando sua atenção em quem ou no que o feriu e isso faz muito mal.
É como se a raiva sentida permanecesse presente. Não perdoar é manter o papel de vítima, que não permite crescimento. É manter a raiva, mágoa, o rancor, pois mantém uma situação do passado, que influencia o presente e compromete não só o futuro, mas as relações de maneira geral, fazendo com que se rompam. Geralmente as pessoas com dificuldade em pedir perdão ou perdoar, tendem a ser rígidas, inflexíveis, críticas com o outro e principalmente, consigo mesmas.
São ainda pessoas com muita dificuldade em se perdoar. Quantas vezes você se machucou com suas próprias atitudes? Você se perdoou? Ou se culpa até hoje do que fez e do que não fez? Perdoar, ou seja, aceitar o perdão, está diretamente ligado com a capacidade que cada um tem de perdoar a si mesmo, pois requer enfrentar os próprios medos, julgamentos, injustiças, limitações, olhar para a própria vida e lembrar de quantas vezes já errou e desejou ser perdoado. Somos seres humanos, estamos em constante processo de aprendizagem e evolução. E nesse caminho muitos erros acontecem, e também acertos.

Mas o que é o Perdão? A palavra grega traduzida como "perdoar" significa literalmente cancelar, mas quando os fatos foram dolorosos demais, nunca vão embora da memória. Entretanto a pessoa pode se lembrar do apoio que obteve no momento da dor e fazer com que esse apoio minimize a lembrança dolorosa, ou ainda, perceber o que aprendeu com a situação, mas vale lembrar que perdoar não significa necessariamente esquecer a mágoa e aceitar o que foi feito, mas sim superar, elevar, ver por outro ponto de vista e valores e praticar a empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro.

A opção é sua, mas lembre-se que toda situação mal resolvida gera sentimentos negativos e podem se tornar seu inferno particular. É o perdão que permite que um casamento não acabe, que uma amizade tenha continuidade depois de um conflito, ou que as relações de trabalho sobrevivam em meio aos desentendimentos que costumam ocorrer em ambiente profissional. Já está mais do que comprovado que acumular sentimentos negativos compromete a saúde física e mental, desencadeando não só conflitos psicológicos, mas também muitas doenças.
O perdão nos livra de mágoas e ressentimentos acumulados de raiva, ira. Mas, se para tanto tiver de passar por cima de princípios básicos, questionar sua própria identidade, é mais indicado deixar um pouco o assunto de lado e repensar em outro momento. Para perdoar é preciso antes fazer uma análise do acontecimento, uma revisão dos valores e da relação dos envolvidos. É importante esclarecer o assunto em questão, ouvindo o que o outro tem a falar e expondo o que sente. Se sentir sinceridade, por que não relevar e perdoar?
Quando não perdoamos, estamos fazendo um julgamento e eu pergunto: quem somos nós para julgarmos a atitude de alguém? Por mais prejuízos que se possa ter, o maior prejuízo é viver mal consigo mesmo e com seus sentimentos. Pior ainda é alguém te pedir perdão e por orgulho ou superioridade, esse perdão ser negado por você. Seja humilde, releve. Mas depois que perdoou, olhe para frente sem ficar remoendo o que já aconteceu ou voltando ao assunto na primeira discussão.
O perdão requer autoconhecimento, inteligência emocional, responsabilidade, humildade e deve ser praticado entre aqueles que se amam. Se for o seu caso, por que não perdoar?

Sunday 27 July 2008

Reflexao do dia


Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.